sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Sobre a Cultura do Brasil


A '''cultura brasileira''' reflete os vários povos que constituem a demografia desse país [[América do Sul|sul-americano]]: [[indígena]]s, [[europeu]]s, [[africano]]s, [[asiático]]s, [[árabe]]s etc. Como resultado da intensa [[miscigenação]] e convivência dos [[povo]]s que participaram da formação do Brasil surgiu uma realidade cultural peculiar, que inclui aspectos das várias culturas.

[[Cultura]] pode ser definida como o conjunto formado pela linguagem, crenças, hábitos, pensamento e arte de um povo. Outra definição de cultura se refere mais estritamente às artes de caráter mais erudito: [[literatura]], [[pintura]], [[escultura]], [[arquitetura]] e [[artes decorativas]].

== Formação da cultura brasileira ==
O substrato básico da cultura brasileira formou-se durante os séculos de [[Brasil colônia|colonização]], quando ocorre a fusão primordial entre as culturas dos indígenas, dos europeus, especialmente portugueses, e dos escravos trazidos da [[África subsahariana]]. A partir do século XIX, a imigração de europeus não-portugueses e povos de outras culturas, como árabes e asiáticos, adicionou novos traços ao panorama cultural brasileiro. Também foi grande a influência dos grandes centros culturais do planeta, como a [[França]], a [[Inglaterra]] e, mais recentemente, dos [[Estados Unidos]], países que exportam hábitos e produtos culturais para o resto do globo.

=== Os portugueses ===
[[Imagem:Mascaradosdepirenopolis.jpg|thumb|150px|[[Cavalhadas de Pirenópolis]] ([[Pirenópolis]], [[Goiás]]) de origem portuguesa - Mascarados durante a execução do Hino do Divino]]
Dentre os diversos povos que formaram o Brasil, foram os europeus aqueles que exerceram maior influência na formação da cultura brasileira, principalmente os de origem [[Cultura de Portugal|portuguesa]].

Durante 322 anos o território foi colonizado por Portugal, o que implicou a transplantação tanto de pessoas quanto da cultura da [[metrópole]] para as terras sul-americanas. O número de colonos portugueses aumentou muito no século XVIII, na época do [[Ciclo do Ouro]]. Em 1808, a própria corte de [[João VI de Portugal|D. João VI]] mudou-se para o Brasil, um evento com grandes implicações políticas, econômicas e culturais. A imigração portuguesa não parou com a [[Independência do Brasil]]: Portugal continuou sendo uma das fontes mais importantes de imigrantes para o Brasil até meados do século XX.

A mais evidente herança portuguesa para a cultura brasileira é a [[língua portuguesa]], atualmente falada por virtualmente todos os habitantes do país. A [[religião católica]], credo da maioria da população, é também decorrência da colonização. O catolicismo, profundamente arraigado em Portugal, legou ao Brasil as tradições do calendário religioso, com suas festas e procissões. As duas festas mais importantes do Brasil, o [[carnaval]] e as [[festas juninas]], foram introduzidas pelos portugueses. Além destas, vários [[folguedo]]s regionalistas como as [[cavalhadas]], o [[bumba-meu-boi]], o [[fandango]] e a [[farra do boi]] denotam grande influência portuguesa. No [[folclore brasileiro]], são de origem portuguesa a crença em seres fantásticos como a [[cuca]], o [[bicho-papão]] e o [[lobisomem]], além de muitas lendas e jogos infantis como as [[cantiga de roda|cantigas de roda]].

Na [[culinária]], muitos dos pratos típicos brasileiros são o resultado da adaptação de pratos portugueses às condições da colônia. Um exemplo é a [[feijoada brasileira]], resultado da adaptação dos cozidos portugueses. Também a [[cachaça]] foi criada nos [[engenho]]s como substituto para a [[bagaceira]] portuguesa, aguardente derivada do bagaço da uva. Alguns pratos portugueses também se incorporaram aos hábitos brasileiros, como as [[bacalhoada]]s e outros pratos baseados no [[bacalhau]]. Os portugueses introduziram muitas espécies novas de plantas na colônia, atualmente muito identificadas com o Brasil, como a [[jaca]] e a [[manga]].

De maneira geral, a cultura portuguesa foi responsável pela introdução no Brasil colônia dos grandes movimentos artísticos europeus: [[renascimento]], [[maneirismo]], [[barroco]], [[rococó]] e [[neoclassicismo]]. Assim, a [[literatura]], [[pintura]], [[escultura]], [[música]], [[arquitetura]] e artes decorativas no Brasil colônia denotam forte influência da arte portuguesa, por exemplo nos escritos do [[jesuíta]] luso-brasileiro [[Padre Antônio Vieira]] ou na decoração exuberante de [[talha dourada]] e pinturas de muitas igrejas coloniais. Essa influência seguiu após a Independência, tanto na arte popular como na arte erudita.

=== Os indígenas ===
A colonização do território brasileiro pelos europeus representou em grande parte a destruição física dos indígenas através de guerras e escravidão, tendo sobrevivido apenas uma pequena parte das [[nações indígenas]] originais. A cultura indígena foi também parcialmente eliminada pela ação da catequese e intensa miscigenação com outras etnias. Atualmente, apenas algumas poucas nações indígenas ainda existem e conseguem manter parte da sua cultura original.

[[Imagem:0910VC0240.jpg|thumb|150px|left|[[Indígena]] brasileiro, representando sua rica arte plumária e de pintura corporal]]

Apesar disso, a cultura e os conhecimentos dos indígenas sobre a terra foram determinantes durante a colonização, influenciando a língua, a culinária, o folclore e o uso de objetos caseiros diversos como a [[rede de descanso]]. Um dos aspectos mais notáveis da influência indígena foi a chamada língua geral ([[Língua geral paulista]], [[Nheengatu]]), uma língua derivada do [[Tupi-Guarani]] com termos da língua portuguesa que serviu de [[lingua franca]] no interior do Brasil até meados do século XVIII, principalmente nas regiões de influência paulista e na região amazônica. O [[português brasileiro]] guarda, de fato, inúmeros termos de origem indígena, especialmente derivados do Tupi-Guarani. De maneira geral, nomes de origem indígena são frequentes na designação de animais e plantas nativos ([[jaguar]], [[capivara]], [[ipê]], [[jacarandá]], etc), além de serem muito frequentes na [[toponímia]] por todo o território.

A influência indígena é também forte no folclore do interior brasileiro, povoado de seres fantásticos como o [[curupira]], o [[saci-pererê]], o [[boitatá]] e a [[iara]], entre outros. Na [[culinária brasileira]], a [[mandioca]], a [[erva-mate]], o [[açaí]], a [[jabuticaba]], inúmeros pescados e outros frutos da terra, além de pratos como os [[pirão|pirões]], entraram na alimentação brasileira por influência indígena. Essa influência se faz mais forte em certas regiões do país, em que esses grupos conseguiram se manter mais distantes da ação colonizadora, principalmente em porções da [[Região Norte do Brasil]].

=== Os africanos ===
[[Imagem:Baiana Salvador.jpg|thumb|150px|Uma baiana tradicional vestida a caráter]]

A cultura africana chegou ao Brasil com os povos [[Escravidão|escravizados]] trazidos da [[África]] durante o longo período em que durou o [[tráfico negreiro]] transatlântico. A diversidade cultural da África refletiu-se na diversidade dos escravos, pertencentes a diversas [[etnia]]s que falavam [[idioma]]s diferentes e trouxeram tradições distintas. Os africanos trazidos ao Brasil incluíram [[banto]]s, [[nagô]]s e [[jeje]]s, cujas crenças religiosas deram origem às [[religiões afro-brasileiras]], e os [[hauçá]]s e [[malê]]s, de religião [[islão|islâmica]] e alfabetizados em [[Língua árabe|árabe]]. Assim como a indígena, a cultura africana foi geralmente suprimida pelos colonizadores. Na colônia, os escravos aprendiam o [[Língua portuguesa|português]], eram batizados com nomes portugueses e obrigados a se converter ao [[catolicismo]].

[[Imagem:Capoeira-in-the-street-2.jpg|thumb|150px|left|[[Capoeira]], a arte-marcial [[afro-brasileira]].]]

Os africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma enormidade de aspectos: [[dança]], [[música]], [[religião]], [[culinária]] e [[idioma]]. Essa influência se faz notar em grande parte do país; em certos estados como [[Bahia]], [[Maranhão]], [[Pernambuco]], [[Alagoas]], [[Minas Gerais]], [[Rio de Janeiro]], [[São Paulo]] e [[Rio Grande do Sul]] a [[cultura afro-brasileira]] é particularmente destacada em virtude da migração dos escravos.

Os [[banto]]s, [[nagô]]s e [[jeje]]s no Brasil colonial criaram o [[candomblé]], religião afro-brasileira baseada no culto aos [[orixás]] praticada atualmente em todo o território. Largamente distribuída também é a [[umbanda]], uma [[Sincretismo religioso|religião sincrética]] que mistura elementos africanos com o [[catolicismo]] e o [[espiritismo]], incluindo a associação de santos católicos com os orixás.

A influência da cultura africana é também evidente na culinária regional, especialmente na Bahia, onde foi introduzido o [[dendezeiro]], uma palmeira africana da qual se extrai o [[azeite-de-dendê]]. Este azeite é utilizado em vários pratos de influência africana como o [[vatapá]], o [[caruru]] e o [[acarajé]].

Na música a cultura africana contribuiu com os ritmos que são a base de boa parte da música popular brasileira. Gêneros musicais coloniais de influência africana, como o [[lundu]], terminaram dando origem à base rítmica do [[maxixe]], [[samba]], [[choro]], [[bossa-nova]] e outros gêneros musicais atuais. Também há alguns instrumentos musicais brasileiros, como o [[berimbau]], o [[afoxé]] e o [[agogô]], que são de origem africana. O berimbau é o instrumento utilizado para criar o ritmo que acompanha os passos da [[capoeira]], mistura de dança e arte marcial criada pelos escravos no Brasil colônial.

=== Os imigrantes ===
[[Imagem:Brazilian Oktoberfest - Bierwagen.jpg|thumb|150px|O imigrante germânico e suas tradições: ''[[Oktoberfest]]'' em [[Santa Cruz do Sul]]]]
A maior parte da população brasileira no [[século XIX]] era composta por [[negro]]s e [[mestiço]]s. Para povoar o território, suprir o fim da mão-de-obra escrava mas também para "branquear" a população e cultura brasileiras, foi incentivada a [[imigração]] da Europa para o Brasil durante os séculos XIX e XX. Dentre os diversos grupos de [[imigrante]]s que aportaram no Brasil, foram os [[italianos]] que chegaram em maior número, quando considerada a faixa de tempo entre 1870 e 1950. Eles se espalharam desde o sul de [[Minas Gerais]] até o [[Rio Grande do Sul]], sendo a maior parte na região de [[São Paulo]]. A estes se seguiram os portugueses, com quase o mesmo número que os italianos. Destacaram-se também os [[alemães]], que chegaram em um fluxo contínuo desde 1824. Esses se fixaram primariamente na [[Região Sul do Brasil]], onde diversas regiões herdaram influências [[Germânico|germânicas]] desses colonos.

Os imigrantes que se fixaram na zona rural do Brasil meridional, vivendo em pequenas propriedades familiares (sobretudo alemães e italianos), conseguiram manter seus costumes do país de origem, criando no Brasil uma cópia das terras que deixaram na Europa. Alguns povoados fundados por colonos europeus mantiveram a língua dos seus antepassados durante muito tempo. Em contrapartida, os imigrantes que se fixaram nas grandes fazendas e nos centros urbanos do [[Região Sudeste do Brasil|Sudeste]] (portugueses, italianos, [[Espanha|espanhóis]] e [[árabes]]), rapidamente se integraram na sociedade brasileira, perdendo muitos aspectos da herança cultural do país de origem. A contribuição [[Ásia|asiática]] veio com a [[Imigração japonesa no Brasil|imigração japonesa]], porém de forma mais limitada.

De maneira geral, as vagas de imigração européia e de outras regiões do mundo influenciaram todos os aspectos da cultura brasileira. Na culinária, por exemplo, foi notável a influência italiana, que transformou os pratos de massas e a pizza em comida popular em quase todo o Brasil. Também houve influência na língua portuguesa em certas regiões, especialmente no sul do território. Nas artes eruditas a influência européia imigrante foi fundamental, através da chegada de imigrantes capacitados em seus países de origem na pintura, arquitetura e outras artes.

== Artes ==
As artes chamadas eruditas, de origem européia, tem seu início no período colonial, durante o qual foram introduzidos os movimentos artísticos europeus como o renascimento, maneirismo, barroco, rococó e neoclassicismo. Durante esse período a arte realizada na colônia esteve intimamente ligada à arte portuguesa, muitas vezes porém com "sotaque" brasileiro, como por exemplo nas esculturas de [[Antônio Francisco Lisboa]], o Aleijadinho, nas igrejas de planta curvilínea na [[Minas Gerais]] setecentista ou nos anjos mulatos das pinturas de [[Manuel da Costa Ataíde]].

[[Imagem:Meirelles-guararapes.jpg|thumb|right|200px|''Batalha dos Guararapes'', de [[Vítor Meireles]] (1879), exemplo de pintura historicista da época acadêmica.]]

No século XIX, a chegada da chamada [[Missão Artística Francesa]] e a criação da [[Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro|Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro]] deu origem ao ensino acadêmico das artes no Brasil, influenciando a arte brasileira até os inícios do século XX. Nessa época inicia-se uma arte mais nacionalista, evidenciada por exemplo na literatura e pintura de caráter [[Romantismo|romântico]], que valorizavam aspectos distintivos do jovem país, como os indígenas e eventos históricos. De maneira geral, as artes no Brasil seguiam as correntes européias, particularmente os movimentos da arte francesa. Assim, ao longo do século XIX, sucedeu-se na literatura o [[Realismo]], o [[Naturalismo]], o [[Simbolismo]] e o [[Parnasianismo]], com escritores do porte de [[Machado de Assis]], [[Euclides da Cunha]] e muitos outros. As artes plásticas do século XIX foram, de maneira geral, dominadas pelo [[academicismo]] e imbuídas de um espírito nacionalista, como se vê nas pinturas historicistas de [[Pedro Américo]] e [[Vítor Meireles]] e nas esculturas de [[Rodolfo Bernardelli]].

No século XX ocorre uma renovação da arte brasileira dentro do movimento [[Modernista]]. Um dos eventos essenciais na difusão dos novos ideias foi a [[Semana de Arte Moderna de 1922]], que contou com a participação de [[Mário de Andrade]], [[Oswald de Andrade]], [[Manuel Bandeira]], [[Menotti Del Picchia]], [[Di Cavalcanti]], [[Anita Malfatti]] e [[Villa-Lobos]], entre outros. De maneira geral, estes e outros artistas valorizavam as artes populares e buscaram a criação de uma arte genuinamente brasileira através da recriação das artes européias. A partir dessa época, as artes plásticas desenvolvem-se com mais liberdade formal no Brasil. Na arquitetura, uma renovação semelhante ocorre a partir da década de 1940 com a incorporação das idéias de [[Le Corbusier]] na obra de arquitetos como [[Oscar Niemeyer]], [[Lucio Costa]] e outros.

=== Literatura ===
{{Artigo principal|[[Literatura brasileira]]}}
[[Imagem:MarcFerrez MachadodeAssis.jpg|thumb|right|120px|Machado de Assis, um dos maiores escritores do Brasil]]
As primeiras manifestações literárias no país são relatos descritivos sobre o território inseridos no contexto do descobrimento e início da colonização, das quais a mais célebre é a carta de [[Pêro Vaz de Caminha]] (1500), descrevendo o encontro entre portugueses e os indígenas. A produção literária no Brasil ganha impulso no período barroco, em que se destacam o poeta [[Gregório de Matos]] (1636-1696) e o jesuíta [[Padre Antônio Vieira]] (1608-1697). No século XVIII surge o [[Arcadismo]], em que se destacam autores como [[Cláudio Manuel da Costa]] (1729-1789), [[Tomás Antônio Gonzaga]] (1744-1810) e [[Basílio da Gama]] (1740-1795).

Após a Independência, a literatura brasileira, de maneira geral, seguiu os movimentos europeus ao longo dos séculos XIX e ínicio do XX. A preocupação em produzir uma literatura nacional começa com escritores [[Romantismo no Brasil|românticos]] como [[José de Alencar]] (1829-1877) e [[Gonçalves Dias]] (1823-1864), que buscam temáticas brasileiras como o indigenismo e o regionalismo. O Romantismo é sucedido pelo [[Realismo]] e o [[Naturalismo]], em que despontam autores como [[Aluísio Azevedo]] (1857-1913) e [[Machado de Assis]] (1839-1908), este último por muitos considerado o maior escritor do século XIX no Brasil. No [[Simbolismo]] destacou-se o poeta [[Cruz e Sousa]] (1861-1898) e no [[Parnasianismo]] [[Olavo Bilac]] (1865-1918).

No início do século XX desponta o [[Modernismo]], destacando-se nesse contexto o [[Movimento antropofágico]] e seus promotores na literatura e artes em geral, como os escritores [[Mário de Andrade]] (1893-1945) e [[Oswald de Andrade]] (1890-1954). O movimento têm por princípio rejeitar os valores europeus e buscar aquilo que é genuinamente nacional, digerindo a cultura estrangeira e devolvendo-a sintetizada à nacional. Outros nomes importantes foram os poetas [[Manuel Bandeira]] e [[Menotti del Picchia]]. A partir disso surge uma segunda geração de escritores que valorizam o regionalismo e a literatura socialmente engajada, com representantes como [[Jorge Amado]], [[Cecília Meireles]], [[Carlos Drummond de Andrade]], [[Graciliano Ramos]], [[Érico Veríssimo]] e muitos outros. Mais tarde surgem outros grandes escritores mais difíceis de classificar, de grande profundidade psicológica, como [[Clarice Lispector]], [[Guimarães Rosa]] e [[João Cabral de Melo Neto]], estes dois últimos com tendências regionalistas.

=== Artes visuais ===
{{Artigo principal|[[Arte brasileira]]}}
[[Imagem:Aleijadinho-cristo-congonha.jpg|thumb|130px|[[Aleijadinho]]: ''[[Senhor dos Passos]]'', [[Santuário de Bom Jesus de Matosinhos]]]]
Durante o período colonial o mais destacado das artes plásticas foi a escultura em [[talha dourada]] de tradição portuguesa que decorava o interior de edifícios religiosos. Nesse campo sobressaem escultores como [[Francisco Xavier de Brito]] (m.1751), [[Valentim da Fonseca e Silva]], o Mestre Valentim (c.1745-1813) e [[Antônio Francisco Lisboa]], o Aleijadinho (1730-1814), este último responsável por talvez a maior obra escultória do período colonial: as estátuas dos profetas no adro do [[Santuário de Congonhas]]. Na pintura foram máximos representantes [[Manuel da Costa Ataíde]] (1762-1830) e [[José Joaquim da Rocha]] (1737-1807), autores de pinturas ilusionistas de caráter barroco-rococó nos forros de madeira de igrejas mineiras e nordestinas. Além destes, destaca-se também a produção de artistas que durante o período colonial registraram as paisagens e hábitos locais, como [[Albert Eckhout]] e [[Frans Post]] no século XVII, [[Leandro Joaquim]] no século XVIII - considerado o primeiro pintor paisagista nascido no Brasil - e [[Jean-Baptiste Debret]] no século XIX.

A pintura brasileira do Século XIX é bastante acadêmica, altamente influenciada pelo trabalho da [[Missão Artística Francesa]], da qual faziam parte pintores como [[Jean Baptiste Debret]] e [[Nicolas-Antoine Taunay]]. A [[Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro|Escola de Belas Artes]] fundada pelos membros da Missão influenciou a arte acadêmica brasileira do século XIX. Desse período, destacam-se as pinturas históricas de [[Vítor Meireles]] e [[Pedro Américo]]. Já mais perto do final do século surgiram pintores e escultores filiados aos últimos movimentos artísticos, importados da França, como o [[Realismo]] ([[Almeida Júnior]]), o [[Impressionismo]], o [[Simbolismo]] e a [[Art nouveau]] ([[Eliseu Visconti]]).

=== Música ===
{{Artigo principal|[[Música do Brasil]]}}
[[Imagem:Heitor Vila-Lobos (c. 1922).jpg|thumb|left|120px|Villa Lobos, o maior representante da música erudita brasileira no século XX]]
Alguns dos [[Gênero musical|gêneros musicais]] populares, originários do Brasil mais conhecidos são o [[Choro]], o [[Samba]], a [[Bossa Nova]] e a [[Música Popular Brasileira]]. Como [[chorões]] podemos destacar [[Pixinguinha]], [[Jacob do Bandolim]], [[Waldir Azevedo]] e [[Altamiro Carrilho]]. Exemplos de [[Samba|sambista]]s são [[Cartola]] e [[Noel Rosa]]. O maestro [[Tom Jobim]], o poeta [[Vinícius de Moraes]] e [[João Gilberto]], por outro lado, são nomes conhecidos ligados à Bossa Nova e cuja obra teve repercussão internacional, tendo sido gravada por nomes como [[Frank Sinatra]] e [[Stan Getz]]. Posteriormente à Bossa Nova, o movimento conhecido como [[Tropicália]] também teve um papel de destaque como música de vanguarda e experimental.

Mas o Brasil tinha também um papel importante na tradição clássica. Considera-se que o primeiro grande compositor brasileiro foi [[José Maurício Nunes Garcia]], contemporâneo de [[Mozart]] e [[Beethoven]]. [[Carlos Gomes]], autor da [[ópera]] [[O Guarani]], adaptação do romance homônimo de [[José de Alencar]], foi o primeiro compositor brasileiro a ter projeção internacional. No século XX destaca-se o trabalho de [[Heitor Villa-Lobos]], responsável pela assimilação pela [[música erudita]] de diversos elementos da cultura popular, como os [[violão|violões]] e determinados ritmos. Outros compositores importantes, na linha da música erudita são [[Guerra Peixe]], [[Cláudio Santoro]] e [[Camargo Guarnieri]].

=== Arquitetura ===
{{Artigo principal|[[Arquitetura do Brasil]]}}
[[Imagem:Palacio Alvorada commons.jpg|thumb|280px|right|[[Palácio da Alvorada]], [[Brasília]], um dos ícones da [[arquitetura moderna]] brasileira]]
De maneira geral, a arquitetura realizada durante o período colonial em território brasileiro seguiu de perto os modelos portugueses, sucedendo-se o maneirismo (ou [[estilo chão]]), o barroco, o rococó e o neoclassicismo. No século XVIII, a arquitetura ganha maior liberdade formal em algumas obras religiosas mais ousadas, realizadas nos grandes centros artísticos coloniais como Recife, Salvador, Belém do Pará, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que contaram com arquitetos como [[José Fernandes Pinto Alpoim]], [[Antônio José Landi]], [[Francisco de Lima Cerqueira]] e outros. Minas, em particular, se destaca pela grande diversidade de igrejas barrocas e rococós do período, como na [[Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Ouro Preto)|Igreja do Rosário de Ouro Preto]], o [[Santuário de Congonhas]], a Igrejas de [[Igreja de São Francisco de Assis (São João del-Rei)|São Francisco de São João del-Rei]] e [[Igreja São Francisco de Assis (Ouro Preto)|São Francisco de Ouro Preto]], estas últimas com portadas esculpidas pelo [[Aleijadinho]]. Já o século XIX, sob a influência da Escola de Belas Artes no Rio, foi dominado pela [[arquitetura neoclássica]], propagada pelo professor da escola [[Grandjean de Montigny]] e seus seguidores como [[José Maria Jacinto Rebelo]], [[Joaquim Cândido Guilhobel]] e José Bethencourt da Silva.

Os finais do século XIX e inícios do XX se caracterizam pela [[arquitetura eclética]] e o historicismo ([[neogótico]], [[neocolonial]]), como visto, por exemplo, nos projetos do escritório de [[Francisco de Paula Ramos de Azevedo]] em São Paulo e na abertura da antiga [[Avenida Central]] no Rio de Janeiro. Em paralelo aos movimentos [[art nouveau]] e [[art déco]], a arquitetura moderna teve seu início em São Paulo na [[Casa Modernista (rua Santa Cruz, São Paulo)|Casa Modernista]] levantada por [[Gregori Warchavchik]] para sua residência em 1928. A partir daí a arquitetura moderna aumenta sua influência e alcança um ponto de inflexão na construção do [[Palácio Capanema]] (1936-1945) no Rio de Janeiro, construído sob a supervisão de [[Le Corbusier]] por uma equipe composta pelos nomes que fariam história na arquitetura posterior, como [[Lucio Costa]] e [[Oscar Niemeyer]]. Estes dois foram responsáveis pelo ponto culminante no movimento modernista, o desenho urbanístico e projeto dos edifícios de [[Brasília]], inaugurada em 1960.

== {{Bibliografia}} ==
* SODRÉ, Nelson Werneck; ''Síntese de História da Cultura Brasileira''; São Paulo: Bertrand Brasil, 2003; ISBN 8528602931
* BOSI, Alfredo; ''Cultura Brasileira: Temas e Situações''; São Paulo: Editora Ática, 2002, ISBN 850801578X
* MOTA, Carlos Guilherme; ''Ideologia da Cultura Brasileira (1933 - 1974)''; São Paulo: Editora Ática; ISBN 8508000014

== {{Ver também}} ==
* [[Folclore brasileiro]]
* [[Religiões no Brasil]]
* [[Artistas do Brasil]]
* [[Literatura do Brasil]]
* [[Arquitetura do Brasil]]
* [[Culinária do Brasil]]
* [[Academismo no Brasil]]
* [[Barroco no Brasil]]

== {{Ligações externas}} ==
* {{Link|pt|2=http://www.cultura.gov.br|3=Ministério da Cultura}}
* {{Link|pt|2=http://www.culturabrasil.pro.br/|3=CulturaBrasil.pro.br}}
* {{Link|pt|2=http://www.multarte.com.br/novo/default.php4|3=A arte e a cultura do Brasil para o mundo também tradução em Inglês disponível}}
* {{Link|pt|2=http://www.funarte.gov.br/|3=Fundação Nacional da Arte}}

{{Cultura do Brasil}}
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{{Cultura da América do Sul}}

[[Categoria:Cultura do Brasil| ]]

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